Apelidado de Rei, Roberto Carlos atravessou mais de cinco décadas gravando discos, fazendo shows, filmes, programas de TV, além de construir uma importante carreira internacional. Musicalmente passou pelo Rock and Roll da Jovem Guarda, pelo romantismo dos anos setenta, entre outros estilos musicais onde ele se aventurou, sempre com pleno sucesso.São quase seis décadas de história, emocionando o povo brasileiro com seu talento e sensibilidade de transformar em música temas sublimes como o amor, a solidariedade, a natureza e a confiança no amanhã. E não foi só o Brasil que se rendeu à majestade do Rei Roberto Carlos. A América Latina e países da Europa, como a Itália, perceberam a grandeza desse cantor, que já gravou mais de 60 álbuns nacionais, alguns com versões em inglês, francês, italiano e espanhol. Roberto Carlos é o primeiro e único artista latino americano a vender mais discos do que os Beatles, com mais de 120 milhões de cópias em todo mundo, e o número um do Brasil. Mas para chegar a esses números, ele precisou construir uma sólida e invejável carreira. Para entender os motivos que fizeram desse cantor o Rei da Música Popular Brasileira é preciso conhecer a sua trajetória artística. Veja em uma breve história do Rei.

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sexta-feira, 21 de julho de 2017

Uma Breve História do Rei

Nascido em 19 de abril de 1941 na cidade de Cachoeiro de Itapemirim, no Espírito Santo, Roberto Carlos Braga, apelidado na infância de Zunga, aprendeu a tocar violão e piano ainda criança com a sua mãe e no Conservatório Nacional de Cachoeiro de Itapemirim. Seu ídolo na época era Bob Nelson, artista brasileiro que se vestia de cowboy e cantava música country em português.

· Incentivado pela mãe, cantou pela primeira vez aos nove anos em um programa infantil de uma rádio local. Apresentou-se cantando o bolero “Amor y Mas Amor “. Como prêmio pelo primeiro lugar recebeu balas. Ainda durante a infância sofreu um acidente ferroviário, quando feriu gravemente a sua perna. Ela teve de ser amputada, substituída por uma prótese.

· Na segunda metade dos anos 50, mudou-se para Niterói, onde conheceu um novo ritmo musical da época, o Rock. Começou a ouvir as músicas de Elvis Presley, Litlle Richard, Gene Vincent e Chuck Berry. Em 1957, formou com alguns amigos, inclusive Tim Maia, o conjunto “Os Sputniks”.

· No ano seguinte, Tim Maia saiu da banda e o grupo foi desfeito. Edson Trindade, Arlênio e China formaram o grupo “The Snakes“ , chamando Erasmo para ser crooner ( nomenclatura dada na época para cantor popular ). Tamb´m em 1958, Roberto iniciou carreira solo como crooner da boate do Hotl Plaza, em Copacabana, cantando samba-canção e Bossa Nova.

· “The Snakes” acompanhavam tanto Roberto Carlos quanto Tim Maia, contudo ambos nunca fizeram parte do grupo, Roberto Carlos passou a se apresentar com freqüência em clubes e festas. Com os “The Snakes”, ele chegou a participar do programa Clube do Rock, de Carlos Imperial, na TV Tupi. Carlos Imperial costumava apresentar Roberto Carlos como o “Elvis brasileiro” e Tim Maia como o “Little Richard brasileiro”.

· Em 1962 lançou “Splish Splash”. Com o amigo Erasmo, Roberto compunha versões de hits e canções próprias como a faixa título e “Parei na Contramão”, que se tornaram grandes sucessos. No ano seguinte, o cantor novamente esteve nas paradas de sucesso com o LP “É Proibido Fumar”, em que, além da faixa-título, destacou-se a canção “O Calhambeque”. Assim nascia a Jovem Guarda.

· Com a explosão mundial dos Beatles, o rock estava chegando ao Brasil, manifestando-se através de um movimento que colocaria Roberto Carlos pela primeira vez no trono como Rei: a Jovem Guarda. Ele se tornou recordista de audiência entre os jovens e um dos maiores sucessos da TV brasileira até hoje. Em novembro de 1965 veio o LP “Jovem Guarda”, revolucionando a linguagem musical da época através de canções como “Quero Que Vá Tudo Pro Inferno”, cuja letra era muito ousada para a época.

· Conhecido nacionalmente, Roberto Carlos começou a apresentar o programa Jovem Guarda em 1965, de TV Record, ao lado de Erasmo Carlos e Wanderléia , amigos e parceiros de Roberto. Os três estavam na linha de frente do movimento. O programa popularizou ainda mais a Jovem guarda e consagrou Roberto, que se tornou um dos primeiros ídolos jovens da cultura brasileira. Ele ditava a moda da época, inspirando roupas e adereços utilizados pelos jovens brasileiros.

· Em 1968 foi à Itália e voltou vencedor do Festival de San Remo, onde defendeu a música “Canzone Per Te” , de Sérgio Endrigo e Bardotti. Foi o primeiro estrangeiro a conseguir essa façanha. Ainda naquele ano, Roberto Carlos se casaria em Santa Cruz de la Sierra ( Bolívia ), com Cleonice Rossi, mãe dos filhos Roberto Carlos Segundo ( o Segundinho, mais conhecido como Dudu Braga, nascido em 1969), e Luciana ( nascida em 1971).

· A mudança de estilo do cantor viria definitivamente em 1969. O álbum “Roberto Carlos” foi marcado por um maior romantismo substituindo os tradicionais temas juvenis típicos da Jovem Guarda. Entre os sucessos deste LP estão “As Curvas da Estrada de Santos” , “Sua Estupidez” e “As Flores do Jardim da Nossa Casa”, todas, parcerias com Erasmo Carlos.

· A década de 1970 marcou o fim da Jovem Guarda e consolidou o prestígio de Roberto Carlos como intérprete romântico no Brasil e no exterior ( Estados Unidos, Europa e América Latina). O cantor foi o artista brasileiro que mais vendeu discos no país. Várias das suas canções foram gravadas por artistas como Júlio Iglesias, Caravelli e Ray Conniff.

· Em 1971, foi lançado “Roberto Carlos“ , disco que contou com os sucessos “Detalhes”, “Amada Amante”, “Todos Estão Surdos”, “Debaixo dos Caracóis de Seus Cabelos” ( homenagem a Caetano Veloso ) e “Como Dois e Dois” (de Caetano).

· Em 1982, recebeu da gravadora CBS o Prêmio Globo de Cristal, oferecido aos artistas que ultrapassam a marca dos cinco milhões de discos fora do país de origem. Ainda naquele ano, Maria Bethânia participou do álbum anual no dueto “Amiga”. Era a primeira vez que o cantor convidava outro artista para participar das gravações de um de seus discos. Roberto Carlos ainda teve o sucesso “Fera Ferida”, outra parceria com Erasmo.

· Em 1984, sua canção “Caminhoneiro” foi executada mais de três mil vezes nas rádios do país em um único dia e, no ano seguinte, “Verde e Amarelo” bateria esta marca ao ser tocada três mil e quinhentas vezes. Roberto ganhou em 1988 o Grammy de Melhor Cantor Latino-americano e, no ano seguinte, atingiu o topo da parada latina da Billboard. Ainda em 1989, teve grande repercussão com “Amazônia”. No tradicional especial de fim de ano da Rede Globo cantou sucessos como “Outra Vez” ao lado de Simone.

· Durante a década de 1990, o sucesso de Roberto Carlos prosseguiu tanto em nível nacional quanto internacional. Em 1994, Roberto Carlos conseguiu bater os Beatles em vendagens na América Latina, com mais de 70 milhões de discos.

· Em 1995, liderados por Roberto Frejat, grandes nomes do pop-rock brasileiro, como Cássia Eller, Chico Science & Nação Zumbi, Barão Vermelho e Skank, homenagearam Roberto Carlos com a regravação de canções da época da Jovem Guarda. Ainda naquele ano, o cantor casou-se com a pedagoga Maria Rita Simões. No ano seguinte, Roberto Carlos emplacou mais um sucesso em parceria com Erasmo Carlos: “Mulher de 40”. Já em 1997, lançou o álbum em língua espanhola “Canciones Que Amo”.

· Em 1998, foi diagnosticado câncer em Maria Rita. Em 1999, o agravamento do estado de saúde de Maria Rita, seguido de sua morte em dezembro daquele ano, fez com que o cantor deixasse de apresentar o tradicional especial de fim de ano na Rede Globo e não gravasse o disco anual. A gravadora Sony acabou lançando “Os 30 Grandes Sucessos ( Vol. 1 e 2 )”, uma coletânea dupla com os maiores sucessos da sua carreira e uma faixa inédita, a religiosa “Todas as Nossas Senhoras”, escrita com Erasmo.

· Depois de um período de reclusão, Roberto Carlos retomou sua carreira, em novembro de 2000, com a turnê “Amor Sem Limite” – título da canção feita em homenagem a Maria Rita e de maior destaque no álbum lançado em dezembro daquele mesmo ano. Ainda naquele ano, o cantor rompeu contrato com a gravadora Sony ( ex-CBS ), após 39 anos de parceria.

· Após iniciar tratamento terapêutico em 2004, Roberto Carlos reconheceu publicamente sofrer de Transtorno Obssessivo (TOC ) , síndrome que o levou a um comportamento excessivamente supersticioso e o fez abandonar do repertório dos espetáculos, canções famosas como “Café da Manhã” , “Outra Vez” e “Quero Que Vá Tudo Pro Inferno “. Depois, em entrevista coletiva, admitiu que poderia voltar a cantá-las, demonstrando os resultados do tratamento. No final desse ano, comemorou o 30º aniversário do primeiro especial para a Rede Globo e foi lançado o primeiro volume de sua discografia, em uma caixa por década, que reúne seus discos em formato de mini-LP e sonoridade remasterizada.

· Em 2008, Roberto E Caetano Veloso fizeram juntos um show em tributo a Antônio Carlos Jobim, que foi registrado no CD e DVD Roberto Carlos e Caetano Veloso e a Música de Tom Jobim. Nesse show participaram com eles Jaques Morelenbaum , Daniel Jobim e Wanderléia.

· No dia 19 de abril de 2009, o cantor iniciou sua turnê de 50 anos de carreira e 68 de idade em um show em sua cidade natal, Cachoeiro do Itapemirim. A apresentação foi realizada no Estádio Sumaré, conhecido também como Campo Estrela. O show contou com cobertura de toda mídia nacional e, inclusive, de um canal de TV de Portugal. O tão aguardado “Parabéns Pra Você” veio após a música “Jovens Tardes de Domingo”, seguida por “É Preciso Saber Viver” e “ Jesus Cristo”, cantada de pé pelo público e por familiares de Roberto ( seus filhos, irmãos,e parentes da ex-mulher Maria Rita estavam no estádio ) que se expremiam para conseguir uma das dezenas de rosas que o Rei lançou à platéia, num gesto que pôs fim ao longo tempo que separava o cantor mais popular do Brasil dos fãs de sua cidade natal.

   Em 26 de abril de 2009 aconteceu o show “Elas Cantam Roberto – Divas “, no Teatro Municipal de São Paulo. O show contou com participação de grandes cantoras nacionais, como Adriana Calcanhoto, Alcione, Ana Carolina, Claudia Leitte, Daniela Mercury, Fafá de Belém, Fernanda Abreu, Ivete Sangalo, Luiza Possi, Marina Lima, Mart’nália, Nana Caymmi, Paula Toller, Rosemary, Sandy, Wanderléia, Zizi Possi, Hebe Camargo e Marília Pera.
                                                                                  ( Correio )

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